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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Algumas dicas para elaborar uma coreografia

Coreografia é uma “expressão que tem origem no grego e quer dizer: a grafia de danças orais, danças de grupo. Com o tempo, o termo foi sendo usado para nomear quaisquer grafias ou escritas do movimento e não somente as que se referem a danças coletivas.” (LOBO e NAVAS)

Comece escolhendo uma música de que você goste muito! Uma música que desperte em você uma vontade inevitável de dançá-la e observe quais sentimentos afloram ao apreciar a música. Algumas nos fazem sentir alegria, outras fazem transparecer certa angústia, tristeza... Observe a si mesma ao ouvir a música. Então você poderá perceber que a melodia nos toca de forma subjetiva. Uma música que para mim parece brilhante, que me faz sentir flutuando, para outra pessoa pode parecer chata. É a vivência individual da composição musical. É isso que você vai deixar transparecer em sua dança. “Para dançar ou mesmo dançar-criando, é preciso conectar-se às sensações, percepções e sentimentos corporais deixando-os fluir por meio de movimentos expressivos.” (LOBO e NAVAS)

Após esse primeiro momento de identificação sua com a música você precisará identificar de que tipo de música se trata (clássica, tradicional, folclórica ou moderna) e observar qual ou quais ritmos estão presentes na música.

Em se tratando de música folclórica é importante respeitar os trajes e passos típicos para aquela dança. Se tratando de rotina clássica, atentar para os momentos de entrada em cena, de finalização da dança e para os folclores que porventura façam parte daquela composição musical. Para músicas cantadas procure saber de que trata a letra. Em músicas tradicionais a letra precisa ser interpretada!

Após todas essas identificações você vai ouvir a música muitas e muitas vezes, vai prestar atenção em cada nuance, em cada pausa. Vai fazer a contagem dos tempos da música. Geralmente, nesse momento, me imagino dançando, e é quando surge a coreografia inicial. Depois tenho que esperimentar como meu corpo se comporta naquela coreografia imaginada. Colocar os passos dentro do tempo. Nem sempre ela se encaixará no tempo da música e alguma modificações precisarão ser feitas.

Aqui podemos partir então para algumas questões um pouco mais técnicas para que sua dança seja inesquecivelmente bela!

Primeiro precisamos aprender que as partes da coreografia que mais ficarão marcadas na memória dos expectadores são o início e o final. Pesquisas acerca da memória humana comprovam que ao memorizar listas de palavras, os maiores índices de palavras memorizadas eram relativos às primeiras e às últimas palavras da lista. Dependendo da qualidade de sua entrada no palco e da finalização de sua dança, sua coreografia poderá ser lembrada como muito boa ou muito ruim. Então procure fazer uma entrada elegante e firme, inteira no palco, deixando claro para o que veio. 

Depois precisamos atentar para o que faz uma coreografia parecer monótona e outra dinâmica. No primeiro caso a dança se mantem linear. Muitas vezes assistimos apresentações de bailarinas que parecem estar enraizadas no local onde dançam, que elegem um único movimento para determinado trecho da música ou que se mantém durante toda a música com uma mesma intensidade de movimento. Esse pontos podem ser melhor elaborados para uma dança mais dinâmica e atrativa. Vejamos:

  • Assim como a música tem nuances, tem altos e baixos, sua dança também precisa ter. Você poderá tirar a linearidade da sua dança pensando em alguns pontos:
       - Trabalhe a meia ponta alta, mas também trabalhe pliés, cambrets... Isso prenderá a atenção do público. Com “altos e baixos” aqui falo da própria questão física. Você brincará com a altura, em alguns momentos elevando e em outros abaixando.
      - Varie a velocidade e intensidade de seus movimentos. Em alguns momentos trabalhe movimentos lentos e em outros acelere. Em alguns momentos trabalhe suavidade e em outros força. Fluidez e impacto.
        - Um movimento elaborado só vai aparecer se antes for trabalhado o básico. Apresente os contrastes.
  • Procure fazer pequenas sequências coreográficas. Há momentos de linearidade dentro da música, em que fica algum tempo em um mesmo ritmo, em um mesmo tom. Você pode optar, por exemplo, por ficar durante algum tempo somente fazendo o oito. Em alguns momentos pode ficar bonito um oito feito bem lentamente. Porém, em outro momentos, você poderá combinar um oito, dois redondinhos e um camelo; ou básico egípcio duas vezes e um camelo por exemplo. Sequencias desse tipo, que combinam poucas repetições de alguns movimentos diferentes também dinamizam a sua dança, quando a música assim pedir.
  • Observe os momentos em que cabem deslocamentos e giros. O espaço do palco deverá ser bem aproveitado. Você ficará encarregada por preenchê-lo. Ritmos acelerados, como o malfuf, e grandes orquestrações pedem deslocamentos amplos. Em ritmos quaternários você também poderá deslocar, mas a intensão do seu deslocamento será diferente, o deslocamento não será tão amplo. O passo grego cabe bem em ritmos quaternários, por exemplo.
  • Sua dança precisa ser fluida, assim como as águas de um rio! Um movimento dá continuidade ao outro. Para conseguir essa fluidez, pensa em sua transferência de peso.
  • Para um toque especial procure surpreender. Algum movimento inesperado, diferente no meio da coreografia dá esse toque. Somente tome cuidado para não exagerar e não fazer com que sua dança se assemelhe a um show de malabarismo. Será um momento para deixar a sua marca. Lembre dos contrastes dentro da dança.
  • E finalmente, divirta-se dançando!
E então você poderá desenhar, com seu corpo, a música!


Ju Najlah

Fontes:
LOBO, Lenora, NAVAS, Cássia. Arte da Composição : Teatro do Movimento. 1ªed. Brasília: Editora LGE, 2008.
Dicas de Dança – Como montar uma coreografia? O que você precisa saber para coreografar!, disponível em http://www.dicasdedanca.com.br/dicas-de-danca-como-montar-uma-coreografia-o-que-voce-precisa-saber-para-coreografar.html

 SILVA, Jamila; Montando um coreografia – passo a passo(nível iniciante e intermediário), disponível em http://gos1984.multiply.com/journal/item/58/58

Conhecimentos adquiridos em workshops e aulas.

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É preciso transformar a música em dança, num movimento de fora para dentro, mas principalmente, num movimento inverso, externalizar os sentimentos, transparecer a alma, transformar o corpo em música, em dança, em arte. A unidade se faz em todos os sentidos. O seu estilo de dança não será criado. Ele já existe. Basta você abrir espaço para que ele possa surgir. Dance com alma!

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