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Lecionar Dança do Ventre exige da professora certo jogo de
cintura para lidar com uma multiplicidade de objetivos e intensões dentro da
sala de aula. Cada aluna tem uma vivência e um interesse ao buscar aprender a
dança. Infelizmente em muitos casos fica complicado separar as turmas de acordo
com os interesses, o que seria o ideal. Quando essa separação em turmas que
querem somente se exercitar e turmas que querem se apresentar ou profissionalizar
não é possível, o trabalho dentro de sala precisa, de certa forma, atender aos
grupos que estiverem ali presentes.
Por esse, além de outros motivos, ministrar tais aulas exige
atenção a alguns aspectos. O trabalho é de via múltipla e se deixo de trabalhar
algum ponto, o ensino ficará deficitário. Nesta série de posts abordarei temas
que considero importantes e que procuro trabalhar em minhas aulas. Começaremos
pela técnica.
Quando nos propomos a aprender Dança do Ventre entramos em
contato com um mundo novo. A música oriental é muito diferente da que
habitualmente ouvimos e os movimentos exigem certa consciência e a
possibilidade de isolamento de determinados grupos musculares. Assim como não
aprendemos a ouvir as nuances da música árabe de um dia para o outro, os
movimentos também não ficam prontos em nosso corpo rapidamente. É necessário
que haja dedicação, que a consciência corporal para a melhor execução dos
movimentos seja desenvolvida, que seja feito um trabalho de tonificação e
alongamento da musculatura, para que ela responda de forma mais eficaz, e que
seja feita muita repetição. Somente com repetição a memória do nosso corpo se
apropria dos movimentos.
Esse trabalho, em muitos momentos, gera certa ansiedade.
Algumas alunas creem já saber executar os movimentos e querem logo partir para
aprendizados mais avançados. Outras, por estar buscando somente se exercitar,
querem partir para uma aula mais animada e dançada. Mas fica aqui a questão:
como é possível passar para algo mais avançado ou mesmo dançar antes que os
movimentos básicos estejam prontos e limpos em nosso corpo?
Quando se trata de músicas e movimentos de nossa cultura,
essa aula inteira dançada e animada é possível, pois se tratam de movimentos
aos quais estamos habituadas. No caso da dança oriental, se o conhecimento dos
apoios, grupos musculares trabalhados, desenhos feitos pelo corpo, não for
passado, além de a aluna ter mais dificuldade na execução deles ela poderá se
lesionar. Se, além disso, ficarmos ansiosamente seguindo uma sequencia
iniciante de passos visando queimar calorias, os movimentos simplesmente não
ficarão prontos e a gama de movimentos estudados será extremamente limitada,
resumindo as aulas em mera repetição do mesmo. Não teremos um leque de
movimentação para desenvolver a nossa dança.
Quando então, “perdemos” um pouco mais de tempo treinando
nossos oitos, redondos e shimmie, além de trabalhar os diversos grupamentos
musculares envolvidos, o que já é um excelente exercício, estamos preparando
nosso corpo para que possamos futuramente criar movimentos novos e para que
possamos hoje, fazer essa dança, mais animada. Agora, se os movimentos não
forem apreendidos, a dança não é possível. O básico precisa ser muito bem
trabalhado.
Ju Najlah
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